Penso que a Confraria do Vinho do Porto, em Portugal, precisa projectar sua ação para o exterior das suas tradicionais actividades.
Lembro um evento que teve um sucesso enorme e está dentro do espírito acima mencionado.
Em Maio de 1995 o novo orgão da Igreja da Lapa estava pronto para ser inaugurado.
Existe uma tradição: encher com vinho os tubos principais dum novo orgão.
Quando tal foi conhecido na nossa Confraria, ficou decidido propor ao Reitor dessa Igreja, Dr. Ferreira dos Santos, fazer uma cerimónia em que os referidos tubos seriam cheios com Vinho do Porto.
Eram precisos 1.500 litros de Vinho do Porto que encheriam 10 barris a serem transportados em 3 juntas de bois.
Aí começou o problema: tinham de ser juntas de bois habituadas ao trabalho de transporte o que em 1995 não era fácil arranjar.
O Grupo Folclórico do Porto, para além da animação do cortejo que saiu da Praça do Infante, , conseguiu uma junta de bois em Vila Nova de Gaia e duas em Santo Tirso. Bois e carros respectivos tibverem de ser conduzidos em camião até ao início do desfile.
Tudo pronto lá saiu o cortejo, com atraso, devido a uma forte chuvada que encharcou tudo e todos.
À frente um ruidoso grupo de bombos dos “Mareantes do Rio Douro”, o Rancho Folclórico, os três carros de bois com os pipos e finalmente, a Confraria a fechar.
Houve uma grande adesão popular sobretudo à chegada à Igreja da Lapa.
Havia pessoas tão entusiasmadas que desejavam aos Confrades muita saúde para podermos realizar “festas tão lindas como aquelas”.
Descarregados os pipos, sobre pranchas, foram rolados até dentro da Igreja.
Depois, um a um, levantados com a ajuda dum cabrestante, fixado no tecto do templo, até à abertura superior dos tubos do orgão, a encher com o Vinho do Porto que continham.
Era uma cena autenticamente mediaval e nos rostos das pessoas que a tudo assistiam, passava a enorme alegria dum espetáculo inédito.