Por definição o Vinho do Porto é um vinho de lote ou um vinho de “blend” designação muito utilizada pela influência Inglesa neste sector. O blend como Arte, considero eu, quando este trabalho dá origem aos vinhos com designação de idade, caso dos 10 Anos, 20 Anos, 30 Anos ou mais de 40 Anos. Não quero dizer que um Ruby ou Tawny novo não tenham que ter o seu saber ou mesmo o Vintage e o LBV que são vinhos do ano, de uma só colheita, mas que o blend de diferentes talhões na vinha, das diferentes castas ou escolha de diferentes lagares ou toneis façam parte da mesma Arte do blend.
Os vinhos destinados para os Tawnies com indicação de idade são vinhos que pelas suas características à nascença têm potencial para um bom envelhecimento em pipas, por sistema de oxidação. Aqui conta o conhecimento e a experiência do provador que sabe também quando esses vinhos deverão ser “refrescados”, ou seja, lotados com vinhos mais novos dentro da mesma qualidade e estilo no seu processo de envelhecimento. Nos armazéns de envelhecimento no Douro ou caves de Vinho de Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia, são muitos os vinhos que vão envelhecendo, ficando com uma idade média de acordo com as lotações que vão sendo feitas mantendo a sua qualidade e frescura do lote. Se este processo é já uma arte para quem trabalha estes vinhos, a Arte Final do seu autor é a lotação de todos estes componentes. Podem ser sete, nove ou doze o número de vinhos que lotados entre si vão dar uma idade média que indicarão se um vinho terá a designação de 10 Anos, 20, 30 ou 40. A Arte continua na escolha e quantidade utilizada de cada um desse componentes para o lote final, um vinho mais novo que dê frescura ao lote, um vinho mais velho o toque de envelhecimento e todos os outros que contribuem para a sua riqueza, complexidade aromática e gustativa, sem fugir dessa idade média estabelecida. Conforme o provador e estilo da própria casa produtora, os componentes e idades médias podem variar, por exemplo para um 10 Anos, entre os oito anos e doze anos ou componentes todos eles próximos da idade a ser indicada no rótulo da garrafa, uns mais novos e outros mais velhos.
A forma de envelhecimento e a diferente maneira de lotação é que vai distinguir um10Anos ou 20 Anos de uma Casa para outra, mas todos esses vinhos garantem ao consumidor final uma cor límpida com as tonalidades de uma boa evolução por oxidação, uma intensidade e riqueza aromática conseguida por muitos anos de lotação, um paladar de grande equilíbrio pela escolha certa dos componentes no lote final, perdendo ao longo dos anos um pouco do seu corpo, mas ganhando em elegância e persistência como poucos vinhos do Mundo!
Vasco Pizarro Magalhães
Membro fundador da Confraria o Vinho do Porto
24 de Janeiro de 2022